
O Que Está Acontecendo?
O projeto em questão está tramitando de forma acelerada, sem debates mais amplos ou transparência, deixando profissionais do Registro Civil e entidades de defesa dos direitos do cidadão em alerta máximo. As principais preocupações giram em torno da falta de discussão com a sociedade, apontando até mesmo possíveis irregularidades jurídicas: segundo especialistas, apenas o Tribunal de Justiça da Bahia poderia propor este tipo de medida, não o Legislativo, conforme determina a Constituição Federal.
Ameaça à Compensação dos Atos Gratuitos
O coração do problema é o impacto direto sobre o Fundo Especial de Compensação (FECOM) — um recurso essencial, criado justamente para assegurar a remuneração dos atos gratuitos realizados pelos registradores civis, especialmente nos municípios pequenos e deficitários. Se aprovado o novo projeto, cerca de 25% desse fundo deixaria de ir para os cartórios e seria destinado ao Ministério Público Estadual, que já possui estrutura e recursos próprios robustos.
Enquanto isso, outro projeto aprovado no mesmo período (PL nº 25.778/2025) prevê aumento salarial para os servidores do Ministério Público — tudo isso em contraste com a ameaça real de desestruturação dos Ofícios da Cidadania, que já enfrentam dificuldades para manter o atendimento gratuito à população.
Por Que Isso é um Retrocesso?
- Acesso à cidadania em risco: Sem recursos, os cartórios podem parar de oferecer documentos gratuitos fundamentais ao exercício da cidadania, como certidões de nascimento, casamento, óbito, entre outros.
- Impacto nas camadas mais vulneráveis: Justamente quem mais depende da gratuidade do serviço público será o primeiro a ser prejudicado.
- Legalidade questionável: O projeto ignora leis federais que asseguram a obrigatoriedade do Estado em ressarcir as gratuidades e determinações do Conselho Nacional de Justiça sobre propostas que envolvam os registros públicos.
O Que Está em Jogo para Todos Nós?
Os registros civis garantem identidade, seguridade social, matrícula escolar, acesso à Justiça, benefícios sociais, entre inúmeros outros direitos. Em vez de fortalecer esses serviços, o projeto desvia recursos fundamentais e pode aprofundar ainda mais o problema das unidades vagas na Bahia — atualmente, mais de 300 cartórios já estão sem titular, de um total de 752.
O Que a Sociedade Pode Fazer?
Informar-se, debater, acompanhar o tema e exigir que as decisões que impactam serviços tão essenciais sejam discutidas com responsabilidade, transparência e, principalmente, levando em conta o interesse público, especialmente das populações mais vulneráveis.
O momento é de mobilização em defesa de um direito básico: o acesso facilitado e gratuito à cidadania para todos.